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- Cinema Hashtag
- 31 de mai. de 2017
- 2 min de leitura

Quando Batman V Superman – A Origem da Justiça chegou aos cinemas, os que depreciaram esperavam uma reviravolta com Esquadrão Suicida. E quando o mesmo foi às telas, fãs e expectadores deixaram as salas com o seguinte questionamento: O que será do universo cinematográfico da DC Comics? Depois de fiascos subsequentes? Quase sem credibilidade, os estúdios Warner – atual mantenedora dos direitos autorais da editora – virou o jogo surpreendentemente com Mulher-Maravilha, nova adaptação de quadrinhos que estreia nesta quinta-feira (1).
O longa-metragem, dirigido por Patty Jenkins, mostra a vida das guerreiras Amazonas, que vivem na Ilha Temiscira, arquipélago paradisíaco onde nenhum homem sequer pisou durante séculos. A princesa Diana, filha de Hipólita, possui uma sede de lutar desde pequena. Ao ser treinada por Antíope, a semideusa descobre que o seu verdadeiro momento de glória é enfrentar a Primeira Guerra Mundial, quando o espião inglês Steve Trevor reporta sobre a calamidade na Europa.
O avanço na DC Comics nesta película, não é exclusivamente a qualidade descomunal de narrativa e técnica. Mas o compreendimento de que, se um material é exclusivamente feminista, ele deve ser totalmente liderado por uma mulher. Mulher-Maravilha, além de ser o primeiro live-action da heroína, é pioneiro em ter um protagonista feminino no universo de adaptações de quadrinhos. De trás das câmeras, ninguém melhor do que uma diretora para entender esse progresso.

Patty Jenkins dirigindo Gal Gadot. Mulheres-Maravilhas
A personalidade heroica
Fora das telas, um filme como esse tem um significado imenso: as minorias vão dominar o mundo. No longa-metragem, a presença de Diana em um mundo liderado apenas por homens é um contraste sublime. Sua ingenuidade perante a este cenário é desconstruído aos poucos quando a maldade humana se manifesta.

Gal Gadot como Mulher-Maravilha
Enquanto Mulher-Maravilha, a princesa compreende seu papel como heroína, mas para proteger sua personalidade, seu alter-ego é tão frágil quanto sua pureza. Seus poderes podem, de fato, salvar o mundo, mas o que a personagem não consegue, como ser humana, é mudar a sociedade patriarcal. Um elemento que o roteiro permite essa singularidade emotiva é o contexto em que a heroína se encontra: plena primeira guerra mundial, onde o papel das mulheres é apenas viver para conseguirem seus “votos”.
O desempenho
Humanizar um herói foi a ilustre ideia de Brian Singer em X-Men (2000). O que colaborou para isso foi o contexto de opressão aos mutantes, alegoria para minorias no mundo atual. Tais personagens podem ser desenvolvidos com essa característica quando o mesmo questiona o seu papel na sociedade. Mulher-Maravilha entre em conflito quando percebe que o reflexo da guerra nas pessoas é real, dolorido e revoltante. Essas nuances surgem genuinamente com o roteiro de Allan Heinberg. Roteirista que entende – não tanto quanto as mulheres – a complexidade do sexo feminino ao escrever para grandes séries feministas como Grey’s Anatomy e Sex and the City.

Sem ninguém esperar, Mulher-Maravilha chegou vagorosamente na reputação negativa do universo da DC Comics e encantou todos com charmes que precisamos agora. Entre eles a presença magnética de Gal Gadot como princesa das amazonas. A partir daqui, nasce uma estrela e se existe um filme que deve ser equiparado com Mulher-Maravilha em níveis de progresso ideológico, é o Batman – O Cavaleiro das Trevas. Marcante.




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