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- Cinema Hashtag
- 1 de jun. de 2017
- 2 min de leitura

Como citamos na crítica de Anjos da Lei, adaptações estão em um campo cinematográfico delicado. O mais penoso para um roteirista é uma transposição literária. O papel dele é recriar muitas páginas, interpretações e detalhes das obras, fatores que, de fato, engrandece a responsabilidade de tal técnico cinematográfico. No caso de A Cabana, esse fardo é ainda superior, porque além de ser uma adaptação, o conteúdo que permeia é religião. Peso que o roteirista John Fusco não conseguiu aguentar.
Sam Worthington (Avatar e Exterminador do Futuro – A Salvação) interpreta Mack, um sujeito descrente devido sua infância conturbada. Sua fé desmorona quando sua filha mais nova é assassinada. Consumido pela dor, Mack aceita o convite para uma tarde na cabana em que Missy foi morta. A princípio, o pai acredita ser um desafio do assassino, porém, Mack descobre que o verdadeiro anfitrião do local é Deus.
O livro de WM. Paul Young foi lançado em 2007, atingiu o topo de vendas e críticas. Não por menos, o autor queria mostrar como seria um diálogo com Deus diante de um homem preenchido por rancor e ódio, vítima de uma tragédia perversa. Além dessa autenticidade de narrativa, Young inovou com os arquétipos cristãos. Na história, Deus é uma mulher negra – no filme interpretado com muito carinho e vigor por Octavia Spencer – Jesus é um rapaz árabe e o Espírito Santo é uma mulher asiática.
Carga emocional
John Fusco consegue povoar o filme com o máximo de nuances que continham no material original, porém o que faz A Cabana retroceder é a cisma dramática. De fato é um filme que deve trazer emoções devido ao tema, mas é possível mostrar sentimentos puros e não forjados, como é o caso desta adaptação.
Fusco pode ter colocado os elementos certos para um desenvolvimento genuíno de sensações, mas quem derruba de vez é o diretor Stuart Hazeldine. Sujeito que possuí um conhecimento extraordinário de manipulação emotiva, (vide O Exame, longa-metragem debutante em sua carreira) abusa de todo seu estoque de rudimentos comoventes para deixar a plateia em abalo.

Elenco de A Cabana. Atuações amorosas, roteiro manipulador
A Cabana complementa o acervo de filmes religiosos com bastante eficácia, mas quando se trata de cinema comercial, uma preocupação democrática deve existir na execução de ideias. Algo inexistente na película, pois quem não acompanha o gênero pode considerar o filme tão ímpio quanto a insegurança religiosa de Mack.




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