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- Cinema Hashtag
- 18 de jun. de 2017
- 2 min de leitura

Em 1954, Jack Finney lançou a obra literária Os Invasores de Corpos na Collideres Magazine. A premissa da obra era sobre seres extraterrenos que tinham o objetivo de dominar a humanidade com métodos sutis e quase invisíveis. Nenhum ser humano era descartado, todos eram ajustados para uma sociedade uniforme. Uma sociedade onde todos eram desprovidos de sentimentos. Essas características foram utilizadas pelo autor como uma alegoria ao comunismo, algo que não foi esquecido na primeira adaptação, de 1956, dirigida por Don Siegel.
O ano de lançamento do filme colidiu com o contexto histórico americano. Em 1956, a Guerra Fria era o cenário mais intenso nos Estados Unidos, junto dele a paranoia de uma possível Terceira Guerra Mundial e o medo do comunismo. Siegel, que sabia o impacto do cinema naquele momento e não poderia deixar passar essa vertente engajada da obra original. Mesmo em tons implícitos de tal protesto, Vampiros de Almas (título brasileiro) marcou o gênero de ficção científica por sua originalidade de narrativa.
Anos depois, Philip Kaufman, fez a sua versão chamada Os Invasões de Corpos, em 1978. Além da premissa marcante da primeira adaptação, o sentido alegórico de Siegel marcou a história do cinema, por isso, Kaufman não poderia desconsiderar esse elemento intrínseco do longa-metragem de 1956.
Estrelado por Donald Sutherland, Kaufman adicionou tudo aquilo que faltava no primeiro filme: efeitos práticos, aprofundamento de personagens e temas mais provocantes. A parábola referente ao comunismo ainda era discutida, mas o cineasta decidiu ironizar as tribos remanescentes de movimentos mais libertinos. Os invasores acreditavam que uma sociedade emotiva era o maior empecilho para paz e ordem.

Versão de 1978 com mais conteúdo, provocação política e psicológica.
Com mais outras duas adaptações - não tão bem-sucedidas como as citadas - foram lançadas também. Em 1993, Abel Ferrara conseguiu acrescentar outros elementos tecnológicos e inventivos para a narrativa, mas a partir desse momento, a premissa da obra apresentava saturação.

A Invasão, com Nicole Kidman, certamente mais bem feito tecnicamente, porém sem qualquer conteúdo provocante
A última tentativa - e a mais defeituosa - foi A Invasão, estrelada por Nicole Kidman e Daniel Craig. Este filme de 2007 foi o menos provocante e original. O engajamento - que poderia ser alegoricamente introduzido como crítica à uma sociedade conectada - foi descartado, classificando essa versão a pior e menos criativa de todas. O diretor, Oliver Hirschbiegel, nascido na Alemanha, poderia ter aplicado sua experiência como cineasta empenhado a política para realizar um filme mais desafiador. Infelizmente não foi o caso.




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