#revisitandobonsfilmes
- Cinema Hashtag
- 11 de jul. de 2017
- 2 min de leitura

A vida se transforma rapidamente. A vida muda num instante. Você se senta para jantar, e aquela vida que você conhecia acaba de repente.” Estas foram as primeiras palavras que a jornalista Joan Didion escreveu após perder o marido e enfrentar a longa e dolorosa doença da filha, como conta no livro O Ano do Pensamento Mágico (2008).
A história retratada no longa-metragem Para sempre Alice, sob o comando da dupla de diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland, lembra o sentido efêmero da vida escrito por Didion. No longa-metragem, Alice Howland, interpretada por Julianne Moore, é uma professora universitária e referência na área de estudo voltada para comunicação, linguagem e linguística. Já escreveu livros, é convidada para palestras e citada por outros pesquisadores.
Ao apresentar um seminário, Alice se perde e esquece uma palavra. Nada muito grave nem preocupante, por enquanto. Afinal, isso é comum acontecer com várias pessoas em diversas situações. Além da dedicação ao trabalho e à família, a pesquisadora também é corredora. Em uma das tradicionais corridas pelo campus onde lecionava, Alice se perde. É um dos instantes, que junto a outros, culminam no diagnóstico de um tipo de mal de Alzheimer precoce.
Ao longo do filme, o espectador acompanha a doença se tornando cada vez mais grave. Além dos esquecimentos das palavras, que ficam cada vez mais frequentes, Alice começa a se perder dentro de casa, como quando não se recorda da localização do banheiro dentro de casa. Consequência disso: urina na própria roupa.
A família, dentro das próprias possibilidades, tenta seguir com a vida e lidar com uma pessoa com Alzheimer em casa. Apesar de todo carinho que demonstram, em alguns momentos, o marido e os filhos conversam sobre Alice como se ela não estivesse ali. Mas ela está, e, mesmo que às vezes não tenha consciência disso e lute contra todos os sintomas da doença, continua sendo Alice. Still Alice, como diz o próprio nome da obra, baseado em livro homônimo escrito pela neurocientista Lisa Genova.
O filme não tem trilha sonora marcante nem fotografia deslumbrante. E não precisaria nada disso para emocionar. O Alzheimer, por si só, já é algo doloroso, difícil de lidar e triste. A dedicada interpretação sob a pele de Alice garantiu, merecidamente, o Oscar de Melhor Atriz para Julianne Moore.

Julianne Moore no papel de Alice, atuação genuína com um tema delicado
Desde o instante em que se perdeu na corrida pelo campus, a vida de Alice mudou. É uma morte silenciosa que se esfacela e se arrasta ao longo do tempo. Ainda que Alice não se lembre da própria família e, às vezes, se perca em fragmentos da memória fragilizada, ela continua sendo Alice.




Comentários